Falar de Portugal como um óptimo País para viver e um local de excelência para trabalhar pode parecer uma loucura, tendo em conta o contexto de grande turbulência em que estamos inseridos. Mas acho, convictamente, que devemos fazê-lo. Até porque devemos ter uma noção das nossas vantagens competitivas, enquanto pequena nação, neste mundo global e não confundir dificuldades conjunturais com o cenário estrutural. E empenhar-nos em criar, consolidar e partilhar a visão estratégica a 10 anos, que queremos para este País.
Portugal, Great Place to Live…é isto que eu digo, quando descrevo o País a colegas, amigos ou parceiros de negócio estrangeiros que equacionam vir até, por curtos ou longos períodos. Até porque é esse o testemunho que ouço de todos os que passam por cá um certo tempo. E muitos dos que vieram por um tempo, e ficaram indefinidamente, como projecto de vida.
Não tenhamos dúvidas: os condimentos geográficos, o contexto de acolhimento, no fundo, aquilo que com que fomos abençoados pela natureza, sem termos trabalhado para tal, é fantástico. O nosso magnífico clima, as nossas paisagens naturais, a nossa costa marítima, as nossas belas vilas e cidades. Depois, a nossa história o nosso património arquitectónico, o facto de cada rua e cada esquina transpirar cultura e tradição. As igrejas, as praças, os museus, os jardins transmitem identidade, personalidade e bom gosto. Como não podia deixar de ser, a nossa gastronomia, única no mundo, com uma combinação inteligente dos sabores do Mediterrâneo e do Atlântico. E, não menos importante, a nossa hospitalidade enquanto povo, o facto de sabermos receber bem quem nos visita. Existe um “estilo de vida latino” que concilia o sentido do que é urgente e importante com um saber ancestral de aproveitar os bons momentos da vida. O nosso culto de um bom almoço ou de um bom jantar é um exemplo paradigmático. E não, não é apenas o Portugal geográfico que é apreciado. O Portugal humano, talentoso e global também é reconhecido. A qualidade de vida é ainda, felizmente, um atributo português.
E agora, a pergunta…o que fazer com tudo isto? Acho que Portugal deveria fazer da atracção global de Pessoas e Negócios um dos eixos essenciais da sua estratégia de desenvolvimento. E fazê-lo de forma inteligente, percebendo o que temos para oferecer a cada grupo. Atrair milhares de estudantes, com projectos académicos de excelência, em língua inglesa, aproveitando a nossa latinidade e nossa condição geográfica, na encruzilhada da Europa, América e África. Atrair milhares de empreendedores, afectos a indústrias criativas, que aproveitem as condições das nossas vilas e cidades para desenvolverem os seus projectos. Atrair milhares de investigadores, com projectos de excelência – como, por exemplo, fez a fundação Champalimaud, na área da saúde. Atrair milhares de pessoas de meia-idade e idosos do norte da Europa, que possam ter aqui uma 2ªhabitação a aproveitarem as condições climáticas para o chamado turismo de saúde e bem-estar. Atrair muita gente do mundo lusófono que, para fins de negócios ou outros, façam a partir daqui a ponte com o resto da Europa. E atrair milhares de profissionais, para determinados clusters, como as tecnologias, nos quais podemos e devemos investir de forma focalizada. No espaço de uma geração, teríamos resolvido boa parte dos nossos problemas económicos. É que apesar destes anos dificílimos que estamos a passar, Portugal continua a ser um bom Produto…mas precisa, acima de tudo, de uma boa campanha de Marketing!
Carlos Sezões